A globalização é um assunto muito tratado e que tem destaque nos meios de comunicação. Muitas análises relacionadas ao tema são complexas e acabam gerando certa dificuldade de compreensão sobre o assunto.

A globalização é considerada um processo econômico e social que começou a se desenvolver a partir da Revolução Industrial. Basicamente, ela estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Por meio deste processo, as pessoas, os governos e as organizações trocam ideias, realizam transações financeiras e comerciais e disseminam aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta.

Neoliberalismo

O neoliberalismo impulsionou o processo de globalização na economia. Para entender melhor, é preciso primeiramente compreender o conceito de neoliberalismo. Esse refere-se a uma doutrina socioeconômica que retoma os antigos ideais do liberalismo clássico, preconizando a mínima intervenção do Estado na economia, através de sua retirada do mercado, que, em tese, seria capaz de se autorregular e regular também a ordem econômica. O neoliberalismo começou a ser implantado pelos governos de vários países na década de 1970, como principal resposta à Crise do Petróleo.

Os neoliberais combatem, principalmente, a política do Estado de Bem-Estar social, um dos preceitos básicos da social democracia e um dos instrumentos utilizados pelo Keynesianismo para combater a crise econômica iniciada em 1929.

Bom, minimamente compreendida a ideia do neoliberalismo, agora seguimos com a ideia de que foi ele quem impulsionou o processo de globalização. O fato é que os mercados internos encontravam-se saturados e muitas empresas buscaram aumentar suas áreas de atuação no novo cenário mundial, algumas delas produzindo suas mercadorias em vários países com o objetivo de reduzir os custos.

Com o surgimento de novas empresas, a concorrência aumentou. Assim, as organizações passaram a utilizar mais recursos tecnológicos para diminuir os preços de produção e para estabelecer parcerias comerciais e financeiras (investimentos, pagamentos e transferências bancárias) de forma rápida e eficiente. Aqui está um grande passo da humanidade: rapidez e eficiência. Essa busca tem sido a base para todos os mercados.

Comunicação em rede

A globalização trouxe consigo muitas tecnologias, como o computador e a internet, que proporcionam comunicação rápida e eficaz. Desse processo, grandes transformações têm ocorrido nas últimas décadas, mudando hábitos e a cultura de toda a sociedade.

Só é possível pensar em globalização devido à criação e popularização de diversas tecnologias que ganharam um papel fundamental tanto para o desenvolvimento da economia mundial quanto para a sociedade que se tornou cada vez mais dependente dela.

Neste contexto, as redes de comunicação permitiram a troca de informações e o acesso rápido a qualquer parte do globo de forma instantânea. Assim desenvolve-se o comércio internacional, interligando bolsas de valores, bancos e grandes corretoras de diversos países.

Investidores do mundo todo podem, com apoio de uma vasta rede de computadores interconectados, aumentar a velocidade das transações e movimentar instantaneamente suas aplicações financeiras.

Outro fator de destaque nesse contexto é o crescimento de empresas multinacionais, que podem ser controladas de qualquer lugar do mundo. É comum hoje em dia uma empresa ter sede em um país e inúmeros escritórios em outros, do outro lado do planeta.

O dinheiro também ganhou outra dimensão. A circulação de capitais passou a ser realizada de qualquer lugar do mundo, com o uso de computadores e até smartphones.

Além da circulação de informações, que atualmente acontece instantaneamente, a comunicação em massa já é responsável pela abertura mundial ao diálogo. Pessoas de qualquer lugar podem se comunicar instantaneamente, bastando estar na rede.

Assim chegamos a um momento em que, apesar de se tornarem cada vez mais necessárias e utilizadas no mundo, o uso das redes de comunicação não diminui as diferenças sociais. Assim como os efeitos da globalização não atingem a todos da mesma maneira, também o uso das novas tecnologias não ocasiona grandes revoluções na realidade social e espacial. E, embora o acesso a essas redes atinja cada vez mais pessoas, a forma com que cada um usa essas tecnologias e as consequências do seu uso nem sempre está ligada a uma mudança social positiva.

Era da informação

Vivemos, então, na era da informação. Um período que teve início no final do século XX e que está ligado a fluxos de informação mais velozes acontecendo pelo mundo. Também chamada de era digital, trata-se do período em que os avanços tecnológicos ocasionados pela Terceira Revolução Industrial criaram um “ciberespaço”, ou seja, um espaço de comunicação por redes de computação.

Há quem diga que a era digital surge como uma substituição à era industrial que, por sua vez, surgiu em substituição à era da agricultura. Assim, tudo indica que a humanidade esteja passando por um terceiro ciclo de renovações de ideias, ações e pensamentos que marcaram a história da humanidade.

As evoluções nas sociedades acontecem de tempos em tempos, trazendo novas maneiras de realizar as atividades comuns e formas inovadoras de atender às necessidades reais ou criadas. A era da informação trouxe novas formas de produção, transformando o espaço geográfico, as paisagens, os lugares e o território.

Para os estudiosos do tema, o que mais chama a atenção na era da informação é a ampliação da capacidade de armazenamento e memorização de informações, dados e formas de conhecimentos. A integração mundial é uma outra marca já que, pela internet, pessoas do mundo inteiro estão interligadas, compartilhando informações, divulgando impressões e difundindo cultura e saberes.

É como se a humanidade vivesse constantemente novas revoluções a cada instante. Basta estar conectado para experimentar uma nova revolução, seja um modelo novo de aparelho celular com funcionalidades espetaculares, seja um relógio capaz de nos acompanhar nas atividades diárias nos informando a hora de comer, de descansar e nos passando um resumo sobre a nossa saúde.

Tais avanços nas tecnologias e nas comunicações alcançaram um nível de integração inimaginável em outros tempos. As redes sociais mundo afora e as diversas técnicas avançadas e cada vez mais velozes de informações foram – e são – capazes de mobilizar pessoas para causas políticas importantes, mudando cenários eleitorais.

Há quem questione, por outro lado, a democracia no mundo digital, dizendo que os dados disponíveis na internet nem sempre são confiáveis e reproduzem a lógica da cultura de massa mantida por outras mídias, como a TV e o Rádio. Sem contar que hoje qualquer um consegue escrever, filmar, fotografar e postar. Essa sequência de geração de informação é mais comum hoje do que anos atrás. E então, por mais que as pessoas possuam uma maior capacidade técnica de ampliar as fronteiras de seus saberes, isso não necessariamente acontece com informações ditas mais periféricas. Filmes, por exemplo, produzidos de forma alternativa e que muitas vezes tratam de temáticas relevantes, dificilmente chegam às telonas. Na internet, ficam à espera de compartilhamentos e financiamentos coletivos. Esse é só um dos inúmeros exemplos possíveis.

Independentemente das críticas a era digital, é fato que essa época da informação vem junto de um período de ampla interação, ou seja, as pessoas, além de meras receptoras de dados e informações, passam também a contribuir e produzir novas ideias e ações. Isso é bom. Mas, cabe a cada um o cuidado em verificar a fonte de informação pesquisada e, claro, o compartilhamento daquilo que realmente vale a pena. Compartilhar por compartilhar, sem checar, não está com nada.

Empresas transnacionais

É possível dizer que quem se beneficia da globalização são, principalmente, as empresas transnacionais. Isso se deve ao fato de que, com esse fenômeno, elas continuam com suas matrizes em um país, na maioria das vezes desenvolvido, mas passam a atuar com filiais em outros locais, geralmente países em desenvolvimento, expandindo assim seu mercado consumidor. Com isso, é inevitável que essas empresas transnacionais se aproveitem da mão de obra barata, além de contar com benefícios muitas vezes interessantes como a isenção de imposto, doação de terreno, etc., proporcionados pelos governos dos países em desenvolvimento, visando o aumento da lucratividade.

Especialistas apontam que o processo de globalização é um fenômeno do modelo econômico capitalista e consiste na mundialização do espaço geográfico por meio da interligação econômica, política, social e cultural em âmbito planetário. Porém, é importante destacar que esse processo ocorre em diferentes escalas e possui consequências distintas entre os países, sendo as nações ricas as principais beneficiadas pela globalização, pois, entre outros fatores, elas expandem seu mercado consumidor por meio de suas empresas transnacionais.

Desigualdade

Infelizmente, mesmo com todos os avanços em tecnologias de comunicação, saúde, moradia, transporte e vários outros setores, ainda há muitas diferenças entre as camadas da sociedade. A exclusão é uma consequência desse processo, em que poucas pessoas usufruem das inovações e muitas permanecem como sempre estiveram: à margem da realidade social construída.
Hoje, apesar dessas dificuldades, é inquestionável que a globalização continua a ser um processo irreversível. As economias e culturas tendem cada vez mais a globalizarem-se e a haver uma completa miscigenação entre os povos do planeta, favorecendo um processo de aculturação.

Assim, é possível dizer que existem aspectos positivos e negativos na globalização, sendo difícil ter precisão sobre o que melhora e o que piora na vida das pessoas.

Cultura, cadê?

A globalização interfere em fatores econômicos e sociais, mas também afeta os aspectos culturais da população. Um dos exemplos disso são informações transmitidas por meio de programas televisivos e pela Internet modificando hábitos de muita gente. O eixo Rio-São Paulo, muito mostrado nas telas da TV, já influenciaram e ainda influenciam pessoas de outros estados brasileiros e, até, do mundo. Assim ocorre em novelas e seriados. Assim ocorre também via redes sociais e vídeos que circulam pela rede. A alimentação também acabou sendo modificada com o processo de globalização. Redes de fast food entraram em cidades das mais diversas levando comida rápida, industrializada e, na maioria das vezes, nada saudáveis. E o dono do lanche da esquina teve que se reinventar para fidelizar a clientela.  Em meio a influencias diversas, é possível dizer que alguns elementos da cultura local perduram, promovendo, assim, a diferenciação entre as culturas existentes.

Reflexos da globalização no mundo

Não resta dúvidas de que muitas das tecnologias atuais geram benefícios para o cotidiano das pessoas. Há tecnologias que facilitam a vida, há novos produtos sendo criados para atender diferentes demandas e satisfazer as necessidades que vão surgindo.

Conforto e facilidade. A globalização trouxe esses elementos para a vida das pessoas com tal força que fica difícil pensar em viver sem. Mas, o modelo de globalização que vigora tem desencadeado resultados trágicos a maioria da população mundial. O impacto ambiental gerado pelo excesso de consumo de alguns países e povos é só um dos exemplos.

Há também consequências desse processo que passa pelas desigualdades sociais entre os países, visto que as diferenças vêm crescendo de forma significativa. A disparidade econômica, tecnológica e social entre os países e até entre as classes sociais de um mesmo país crescem exponencialmente. Ao longo do tempo, o processo de globalização tem contribuído de maneira direta para o aumento em massa da pobreza, excluindo um número cada vez maior de pessoas.

A globalização também é considerada a causa do aumento acelerado do índice de desemprego em todo o mundo, resultado dos avanços tecnológicos que tiram inúmeros postos de trabalho.

Se de um lado tem-se o crescimento mundial da produção, o mesmo nem sempre acontece com o consumo, uma vez que esse cresce somente em países desenvolvidos ou em populações elitizadas de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, ou seja, em uma restrita parcela dos habitantes do planeta. Enquanto uns consomem muito, outros praticamente sobrevivem.

Consumo consciente

De quantos pares de sapato você precisa para viver? Sem dúvidas, essa é uma questão subjetiva. Para respondê-la talvez muitos analisem suas combinações de roupa, o código de vestimenta da empresa onde você trabalha ou as atividades esportivas que você pratica. Segundo o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, seja qual for a resposta, é fundamental refletir sobre o consumo excessivo.

A população mundial tem mais de 7 bilhões de pessoas que já consome 60% de recursos naturais a mais do que a Terra consegue regenerar. Ainda segundo o Instituto, a estimativa é que serão 9,7 bilhões de habitantes no planeta até o ano de 2050. Globalmente, a extração de matérias-primas aumentou de 22 bilhões de toneladas em 1970 para cerca de 70 bilhões em 2019.

Uma parcela pequena da população mundial (16%) é responsável por 78% do consumo total. Se todos consumissem como os habitantes mais ricos do mundo, seriam necessários quase cinco planetas para suprir esse consumo. Assustador, né? Os países mais ricos consomem cerca de 10 vezes mais recursos que os países mais pobres, e o dobro da média global. E, a cada ano, entram no mercado consumidor mais 150 milhões de pessoas – isto é, serão 3 bilhões de novos consumidores nos próximos 20 anos.

Segundo o Akatu, consumo excessivo é aquele que acontece sem uma real necessidade, seguindo apenas a lógica da compra pela compra em si. Muitas vezes, motivado por promoções ou por outros estímulos publicitários, que atiçam o desejo dos consumidores.

 

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