Quando tudo começou

É possível dizer que as transações comerciais se iniciaram ainda no período Neolítico, momento em que o ser humano se sedentarizou (isto é, deixou de ser nômade e se estabeleceu em um local), devido à prática da agricultura. Nesse período, com o correr do tempo, o aumento na produção de alimentos, por exemplo, passou a criar excedentes, que, em vista das necessidades de um determinado grupo, podiam ser trocados por outros itens.

Em uma sociedade pouco complexa, em que aldeias próximas realizavam trocas, não havia a necessidade de uma moeda. A complexificação das sociedades, que ocorreu com crescimento desses espaços, acabou trazendo também a demanda por um meio que pudesse dinamizar as transações e resolver algumas problemáticas.

Uma das situações encontradas era a necessidade de equivalência. Por exemplo, quanto de alimento equivaleria a um serviço, caso uma pessoa tentasse trocar comida por um trabalho braçal, como a reforma de uma casa? Outra situação era a questão do tempo e da perecibilidade. Caso uma pessoa precisasse trocar algo por uma grande quantidade de comida, o alimento poderia acabar estragando sem ser consumido a tempo. Por fim, também foi necessário achar uma maneira de se resolver a questão do espaço, pois ao se pensar em um bem como uma casa, trocá-la por algo que se deseja depende da localização de todos os envolvidos na troca.

O sal já foi utilizado como moeda de troca entre produtos. É por causa dele, inclusive, que o valor recebido por determinado trabalho ou serviço se chama salário. Fonte: Detry26/ iStock

No princípio, inúmeros produtos foram utilizados como meio de troca, tal como sal, conchas, couro e minérios. Para que um item pudesse se tornar viável enquanto meio de equivalência, precisava ser algo que todos pudessem querer e aceitar, além de não ser necessariamente abundante e de fácil obtenção, já que essa situação o tornaria de baixo valor. Nesse sentido é que, paulatinamente, determinados minérios, como metais e pedras, passaram a ganhar destaque enquanto meio de equivalência.

Em Roma, durante o período imperial, o sal era utilizado enquanto pagamento para os soldados. Fonte: Museu Rijksmuseum/Domínio Público

 

O surgimento da moeda

Os estudos atuais apontam que foi no governo de Giges (?- 644 a.C.), rei da Lídia, que as primeiras moedas começaram a aparecer.

Fundador de um reino no atual território da Turquia, Giges tem pouco detalhes biográficos conhecidos, mas a ele é atribuída a ideia de se cunharem moedas de metal que levassem em suas faces o valor que teriam. A partir dessa região, as moedas começaram a se difundir e agilizar a prática comercial, ganhando importância em todo o planeta.

Já nos primeiros séculos depois de Cristo, o dinheiro, enquanto moeda, já estava tão difundido (pelo menos por parte da Europa, da Ásia e da África) que o poeta romano Juvenal (entre 55 e 60 – 127) escreveu que “cresce o amor ao dinheiro na mesma proporção que cresceu o patrimônio”, ao se referir, inclusive, ao acúmulo de bens.

O “nome” do dinheiro pode mudar entre as diversas nações. No Brasil, o dinheiro é chamado de real; nos EUA, chamado de dólar; em determinadas regiões europeias, chamado de euro etc. Fonte: Joa_Souza/ iStock

Por volta do século VII, começou a se desenvolver o dinheiro em cédulas. Os dados mais atuais sugerem que as cédulas surgiram na China, com a utilização de cascas de amoreira, que passaram a dar um valor simbólico ao dinheiro maior do que seu valor concreto.

Já no século XVIII, poucos anos após a independência, os estadunidenses decidiram pela criar a própria moeda, o dólar, em substituição ao padrão monetário que utilizavam, o ocho, originário das colônias espanholas na América Latina. Ao longo do século XX, o crescimento econômico e o fortalecimento político-militar dos Estados Unidos levaram o dólar a se tornar uma moeda de referência internacional.

 

A atualidade

Hoje em dia, com o desenvolvimento tecnológico, cerca de 90% do dinheiro que circula no planeta não possui existência física, pois ele existe apenas nos números que transitam em redes de instituições financeiras.

Dessa forma, é possível falar atualmente em “dinheiro virtual”. Um reflexo dessa realidade é, por exemplo, o aumento na quantidade de transações econômicas realizadas por vias tecnológicas, como o PIX ou a utilização de cartões de crédito e de débito.

O PIX, em especial, surgiu no território nacional em 2020, movimentando inicialmente pequenas quantias. Esse tipo de transação se popularizou no país, passando a movimentar também quantias mais altas, sendo que, em 2023, chegou a ocorrer uma transação via PIX que movimentou R$ 2 bilhões.

Agora, no século XXI, novas formas virtuais de moeda têm surgido, além do crescimento das redes digitais, que têm tornado as transações cada vez mais abstratas.

Em 2009, por exemplo, surgiu uma moeda exclusivamente digital, a chamada criptomoeda Bitcoin (que até hoje é uma das mais conhecidas). Ela é uma moeda descentralizada, pois não está ligada a um banco de algum país.

Na atualidade, as criptomoedas ganham cada vez mais relevância no cenário econômico, mostrando o avanço da área digital em todas as instâncias da vida. Fonte: Satheesh Sankaran/ CC BY-SA 2.0

Todas essas transformações têm mostrado, por fim, que o dinheiro continua muito importante para a sociedade humana, mesmo tendo passado por inúmeras transformações ao longo dos séculos.

 

Referências bibliográficas

VERSIGNASSI, A. A origem do dinheiro: uma breve história de 4 mil anos. VC S/A, 13 nov. 2020. Disponível em: https://vocesa.abril.com.br/sociedade/a-origem-do-dinheiro-uma-historia-de-4-mil-anos. Acesso em: 8 maio 2024.

BLAINEY, G. Uma Breve História do Mundo. Curitiba: Editora Fundamento, 2007.

HOBSBAWN, E. Era dos Extremos: o breve século XX (1914 – 1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Origem do dinheiro. Casa da Moeda do Brasil. Disponível em https://www.casadamoeda.gov.br/portal/socioambiental/cultural/origem-do-dinheiro.html. Acesso em: 8 maio 2024.

ANASTACIO, V. Transações por PIX em 2023 foram de R$ 0,01 a R$ 2 bilhões em uma única transferência. G1, 5 mar. 2024. Disponível em https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/03/05/transacoes-por-pix-em-2023-foram-de-r-001-a-r-2-bilhoes-em-uma-unica-transferencia.ghtml. Acesso em: 8 maio 2024.

VERSIGNASSI, A. Crash: uma breve história da economia – da Grécia antiga ao século XXI. São Paulo: Leya, 2011.

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