O futebol é um esporte que mexe que com os sentimentos dos torcedores, além de mobilizar a economia nacional e internacionalmente. Em alguns casos, o esporte é capaz, inclusive, de influenciar a esfera política.
De acordo com dados apurados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em 2023, havia no Brasil quase 13 mil jogadores profissionais, considerando-se apenas os homens. A parcela feminina, no entanto, ainda representa uma pequena quantidade, não chegando a 600 profissionais atuando no país.
Já em termos econômicos, um estudo feito pela consultoria EY demonstrou que o futebol movimenta cerca de R$ 53 bilhões por ano apenas no Brasil, o que representa 0,72% do PIB. Esses dados demonstram que, desde sua chegada ao país, ainda no século XIX, o futebol ganhou um significativo espaço no cenário brasileiro, passando por notáveis mudanças ao longo do tempo, mas que não alteraram a estrutura básica do esporte.
Tal estrutura foi inicialmente definida pelas regras estabelecidas por Ebenezer Cobb Morley, um advogado inglês que buscou padronizar a forma como os times praticavam o esporte. Em 1863, redigiu um manual com 13 regras que definiam o futebol moderno, afastando-o de outras modalidades, tal como o rúgbi, nas quais a bola poderia ser carregada com as mãos.
As origens do futebol
Mesmo que as regras do futebol moderno tenham aparecido há menos de 200 anos, as origens do esporte remontam a tempos antigos e são bastante polêmicas, já que podem ser atribuídas a várias práticas difundidas por várias regiões do planeta.
Aponta-se, por exemplo, que os chineses já praticavam um “esporte”, há 4500 anos, no qual atravessavam um campo chutando as cabeças dos inimigos derrotados em batalha, o que foi posteriormente substituído por uma bexiga de boi cheia de penas de aves.
Na América, entre os maias, era conhecida uma prática recreativa que consistia em chutar ou arremessar (usando apenas a coxa, o quadril ou os braços) uma bola de borracha para se acertar um aro, que era feito de pedra e estava fixado a uma altura de cerca de dois metros. Quando um dos times conseguia acertar o alvo, a partida se encerrava.
Na Europa, outras versões de jogos e atividades também foram apontadas como antecessoras do futebol, tal como o calcio fiorentino, um jogo de dois times praticado ainda hoje, com 27 jogadores cada lado. No calcio, os times precisam atravessar um campo carregando uma bola para ser arremessada na rede adversária.
Já na Inglaterra, versões da mesma prática chinesa de chutar bolas que simulavam a cabeça de inimigos também aconteciam durante o século XIV, além de outros esportes que envolviam algum tipo de bola.
O estabelecimento do futebol moderno
Com o passar dos anos, vários desses esportes acabaram se transformando e se tornando uma prática próxima ao futebol moderno. Somente no século XIX, com a fundação da The Football Association e a elaboração de regras, é possível falar do surgimento do futebol como se conhece atualmente.
O primeiro jogo oficial, organizado pela The Football Association, aconteceu em janeiro de 1864. Demorou pouco para que a prática se disseminasse pela Inglaterra, particularmente entre os operários de fábricas. Pouco a pouco, o esporte ganhou contornos de profissionalização ainda no século XIX, aproximadamente quando chegava ao Brasil.
O futebol no Brasil
Em terras brasileiras, o futebol aportou oficialmente com Charles William Miller que, em 1894, voltando da Inglaterra após uma temporada de estudos, trouxe consigo um livro de regras, bolas, chuteiras, uniformes e o desejo de difundir esse esporte no país.
Com base em sua atuação e em seu incentivo, times começaram a se organizar. Em 1895, ocorreu, então, a primeira partida no território brasileiro.
A profissionalização brasileira ainda seguiu ainda um certo percurso, até a fundação da Federação Brasileira de Sports, em 1914, que daria origem posteriormente à CBF (Confederação Brasileira de Futebol), surgida em 1979.
O futebol no mundo
Em nível mundial, a Federação Internacional do Futebol (da sigla em francês FIFA), surgida em 1904, já trabalhava para expandir o esporte por mais países, o que se consolidou com a inserção do futebol nas Olimpíadas de 1924.
O sucesso do esporte nessa Olimpíada e nos jogos de 1928 fez com que, em 1930, ocorresse a primeira Copa do Mundo de futebol, realizada no Uruguai.
Desde então, apenas a Segunda Guerra Mundial foi capaz de barrar a realização do torneio, em 1942 e 1946, que vem reunindo cada vez mais representantes de todas as partes do planeta, mostrando como esse esporte se popularizou e atraiu cada vez mais adeptos.
Com o passar do tempo, novidades também foram introduzidas no sentido de dinamizar e aperfeiçoar o jogo, tal como a adoção dos cartões amarelo e vermelho (para indicar advertências e penalidades), a partir da Copa de 1970, e do Video Assistant Referee (VAR), um árbitro que analisa imagens e áudios e informa dados ao árbitro principal, desde 2018.
Por fim, é importante ter em mente, também, que o futebol movimenta mais de 200 bilhões de dólares no mundo anualmente. Por isso, é esperado que existam políticas sociais relacionadas à prática do esporte e que ele influencie a cultura contemporânea.
Referências bibliográficas
BLACK, J. A História do século 20: conflitos, tecnologia e rock’n’roll. São Paulo: Editora M. Books do Brasil, 2022.
HOBSBAWN, E. Era dos Extremos: o breve século XX (1914 – 1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
MACHADO, L.; TAVARES, P.; BUONO, R. No Brasil, para cada jogadora de futebol profissional, há 22 jogadores homens. Revista Piauí, 28 jul. 2023. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/no-brasil-para-cada-jogadora-de-futebol-profissional-ha-22-jogadores-homens/. Acesso em: 29 abr. 2024.
O impacto econômico do futebol no Brasil: uma paixão que movimenta bilhões. Folha de Londrina, 5 jul. 2023. Disponível em: https://www.folhadelondrina.com.br/cv-folha/o-impacto-economico-do-futebol-no-brasil-uma-paixao-que-movimenta-bilhoes-3234741e.html?d=1. Acesso em: 29 abr. 2024.
PRONI, M. W. A metamorfose do futebol. Campinas, São Paulo: UNICAMP, 2000.
TREVISAN, M. A história do futebol para quem tem pressa: do apito inicial ao grito de campeão em 200 páginas. Rio de Janeiro: Valentina, 2019.
Quer saber mais? Conheça a nossa plataforma!
